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Exposições
Na Terra de Macunaíma
Quem não conhece o herói sem nenhum caráter? Um personagem que retrata o jeitinho brasileiro, com todos os defeitos e virtudes. A famosa obra de Mário de Andrade, concebida em pleno auge do modernismo no Brasil, tornou-se um marco na literatura nacional.
Com seu esquema inovador de narrativa, ignorando a relação entre tempo e espaço, Macunaíma foi escrito em apenas “seis dias de cigarros e cigarras”, nas palavras do autor, em um “estado de possessão preparada” que resultou na sua célebre criação. O local? A chácara da Sapucaia (em Araraquara/SP), propriedade do querido tio Pio, pessoa que detinha muita consideração de Mário. Pio Lourenço Corrêa teve grande participação no processo criativo da história, sendo ele uma grande referência intelectual para o autor de Macunaíma.
O SESC Araraquara trouxe Macunaíma de volta à sua “cidade natal” e inaugurou a exposição Na Terra de Macunaíma, com a produção cenográfica criada pelos Cenógrafos Jefferson Duarte e Yara Candotti. A mostra fazia convite para uma viagem através do universo da obra; mostrando fatos que iam desde a sua concepção até a repercussão gerada.
Dividida em duas partes, num primeiro momento o visitante era introduzido aos “bastidores” do livro, conhecendo um pouco mais sobre os elementos que auxiliaram o escritor na concepção de seu livro. Documentos raros lá estavam expostos para narrar um pouco mais desse episódio: livros e recortes de jornal que serviram como referência e inspiração na montagem da narrativa, além de algumas das cartas trocadas com outros amigos intelectuais da época.
As primeiras edições de alguns livros escritos por Mário também estavam expostas. O que não podia faltar, é claro, eram as diversas telas e caricaturas conhecidas que retratavam Mário de Andrade sob diversas visões, incluindo a de Tarsila do Amaral, sua colega do movimento modernista.
A segunda parte desta exposição era dedicada, especificamente, à aventura de Macunaíma. Em painéis, trechos do livro estavam disponíveis para que os leitores pudessem relembrar, ou ainda conhecer, algumas partes da trama. Para completar, estavam expostas anotações e fotografias do escritor sobre a fauna, flora e lendas nacionais. Esse material foi coletado por meio de viagens feitas pelo escritor, em especial no Amazonas.
Ainda assim, esses documentos encontravam uma difícil concorrência quando o assunto era encantar o público. Os elementos visuais chamavam a atenção sem esforço: a vivacidade das cores no ambiente irreverência e espirituosidade; um céu colorido por aves tropicais recriava o momento do nascimento de nosso protagonista, assim como no livro. As ilustrações feitas por Carybé, planejadas para serem publicadas junto com a primeira edição do livro, também somavam conteúdo ao cenário. O quadro “Macunaíma” de Aldemir Martins também ganhou uma reprodução na exposição.
O projeto cenográfico ambientou o espaço com elementos característicos da narrativa, tais como vitrinas contendo documentos que, criativamente, se transformaram em redes de descanço. Para as crianças, Boíuna Capei – a cobra gigante – estava presente em uma versão articulada, que era inofensiva e proporcionava muita diversão. A subversão geográfica idealizada por Mário de Andrade também foi recriada, já pensou o Rio Tietê desaguando no Rio Amazonas? Pelo piso, isso era possível ser visto!
A exposição viajou por outras cidades do estado para que mais pessoas pudessem prestigiar a homenagem prestada a esse renomado intelectual que contribuiu significativamente para a riqueza literária brasileira. Por fim, é muito instigante saber que o SESC doou a mostra à UNESP de Araraquara para que pudesse ser preservada como registro da genialidade de Mário de Andrade.
Sesc Araraquara – SP
Natura – Fábrica – SP
Sesc Santo André – SP
Sesc Piracicaba – SP
Curadoria: Audálio Dantas e Fernando Granato
Apoio: IEB – Instituto de Estudos Brasileiros – USP e Biblioteca Mário de Andrade – Araraquara – SP
Cenografia: Jefferson Duarte e Yara Candotti
Produção e montagem: Candotti Cenografia
Realização SESC Araraquara
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